Junta de Freguesia de Palhaça Junta de Freguesia de Palhaça

História

A antiga povoação foi um lugar que pertenceu à freguesia de Soza. No Censo da população da Estremadura, realizado em 1527, figura a Palhaça (Vila Nova das Palhoças) e a Pedreira, respectivamente com 11 e 12 vizinhos. Daqui se pode concluir sobre a existência da Palhaça, no séc. XVI. (In A FREGUESIA DA PALHAÇA, pág. 40, 1969 – Manuel Simões Alberto).
 
Os lugares de Vila Nova e da Pedreira (Ribeira da Pedreira), são os de origem mais remota. 
 
Vila Nova, denominação dada a povoações de recente formação, é referida no título de doação de herdade feito pelo rei D. Sancho II a Frei Hugo, prior do mosteiro e hospital que a Ordem de Santa Maria de Rocamador tinha construído em Soza, em 1242.
 
Sobre a origem do nome de Palhaça, dado à actual freguesia, tomando por base a tradição, diz-se que o mesmo teve origem no facto de, em Vila Nova, se ter começado a fabricar uma espécie de capas com tabúa e bajunça, que se denominavam de «palhoças». (In A FREGUESIA DA PALHAÇA, pág. 55, 1969 – Manuel Simões Alberto).
 
O mesmo material podia ser também utilizado na cobertura das habitações.
Do fabrico e venda dessas capas de palha, no lugar dos Quatro Caminhos, a primitiva povoação começou a ser conhecida por Vila Nova das Palhoças. (In A FREGUESIA DA PALHAÇA, pág. 55, 1969 – Manuel Simões Alberto).
O lugar do Albergue, tem a sua origem histórica ligada ao Convento de Jesus de Aveiro. Teria sido escolhido por Dona Brites, para, em cumprimento das disposições testamentárias de seu marido, fundar um hospital ou albergaria para peregrinos.
 
A Paróquia tem a sua origem na de Soza, da qual se desanexou em 1804, passando a chamar-se Paróquia de Vila Nova da Palhaça, por aí se situar a Capela de S. Pedro, que passou a funcionar como Igreja Matriz, até à construção desta.
 
Este facto é confirmado por anotações nos Livros dos Registos dos Baptizados das paróquias de Soza, referente aos anos de 1796 a 1844, e da Palhaça, referente ao período de 1804 a 1829, onde se pode ler: «A 26 de Agosto de 1804 começaram a ser feitos na Palhaça os baptizados» e «os assentos desta freguesia, anteriores a 1804, existem na freguesia de Soza, até folhas 100», respectivamente.
 
1872-12-04 — Por decreto real desta data, a freguesia da Palhaça, que pertencia ultimamente ao concelho de Oliveira do Bairro, passou para o de Aveiro (Diário do Governo, n.º 289, 20-12-1872; Manuel Simões Alberto, A Freguesia da Palhaça, 1969, pg. 86; Pinho Leal, no seu Portugal Antigo e Moderno diz que foi a 18 do mesmo mês) 
  
Foi elevada a vila em 1 de Julho de 2003.
 
Conta Manuel Simões Alberto, na primeira monografia histórica subordinada à freguesia da Palhaça, que a actual denominação da vila terá derivado da palavra «palha». Aquando das pesquisas para a escrita dessa publicação, João Capão – um padre que residiu na Palhaça, apoiando-se nas tradições do seu tempo [1ª metade do século XIX] – terá relatado ao antropólogo-monógrafo que, nessa altura, o lugar que conhecemos hoje como Vila Nova era ladeado por «terrenos baixos [e] encharcadiços», conjuntura favorável à criação de plantas aquáticas como «a espadana e a bajunça». Estes materiais, a par do junco, eram utilizados para a manufactura das palhoças, capas que serviam à população de resguardo das chuvas, e para o revestimento das habitações, na época de «adobo e barro amassado».
 
Segundo a pesquisa de Alberto, quem fabricava as palhoças eram mulheres, as palhoceiras, que alimentavam uma importante rede de indústria doméstica, dedicando-se quase exclusivamente a ela, numa época em que a agricultura era actividade «incipiente» e pouco lucrativa. As palhoças eram vendidas, com sucesso, por elas no lugar dos Quatro Caminhos. Eram «moda», na altura. Lenda ou não, contava-se, aliás, que «no tempo do padre João Capão» após o 1º Duque de Lafões, «senhor de Soza», ter comprado uma palhoça confeccionada pelas mulheres de Vila Nova, a sua comitiva terá seguido o seu gesto, contribuindo assim para uma publicidade mais abrangente do produto.    
As palhoças terão tido tanto impacto que Vila Nova passou a ser apelidada de Vila Nova das Palhoças e o lugar dos Quatro Caminhos de Mercado das Palhoças. Com o passar do tempo, as obliterações destas designações terão dado lugar ao nome Palhaça.   
 
CULTO RELIGIOSO
Ainda hoje, o culto religioso – conservado por uma comunidade maioritariamente católica e jovem-adulta – tem um papel fulcral na vida dos habitantes da vila. Senão, atente-se à ainda considerável afluência às missas dominicais na Igreja Nova, ao teor de grande parte das actividades culturais empreendidas na freguesia, às inscrições nos azulejos expostos nas fachadas de algumas habitações, ao número de capelas e monumentos edificados evocando este culto. Neste campo, não deve ser esquecido o funcionamento da Igreja Evangélica, primeiro em casas particulares e depois, durante vários anos, num espaço arrendado no Areeiro, ao qual recorriam crentes de vários pontos do concelho de Oliveira do Bairro, como Palhaça, Bustos e Samel. A congregação evangélica da Palhaça teve a sua génese em Agosto de 1970. Hoje, continua viva, tendo o culto transitado para instalações próprias no Sobreiro, Bustos. 
 
Espaços de culto religioso: Igreja de Vila Nova e Igreja Matriz do Areeiro
O caminho para a desvinculação de Vila Nova da Palhaça da freguesia de Soza é aberto em 1760, mas é apenas em 1804 que a independência e o estatuto de freguesia são adquiridos. Esta autonomia, política mas também religiosa (que conduz à constituição de uma paróquia eclesiástica autónoma), exigia a edificação de um espaço de culto religioso com uma lotação superior à da então capelinha de S. Pedro (o padroeiro da vila), onde hoje se encontra a Igreja de Vila Nova, vulgo Igreja Velha. 
A solução mais viável, na altura, para um problema de capacidade de albergue dos fiéis, passava pela ampliação da tal capela, o que aconteceu, de facto, entre 1831 e 1859. Porém, segundo estudos de Carlos Braga apresentados em Palhaça – História dos Espaços Sociais e Comunitários [Séculos XIX e XX], com o tempo, Vila Nova passa a ser uma zona periférica, numa altura em que se conhecia na freguesia «um crescimento populacional». Além disso, a «velha igreja» continuava a não dispor de «condições decentes para a boa celebração dos actos de culto», terá dito um dia Manuel de Oliveira, que esteve cerca de 55 anos a exercer sacerdócio na Palhaça e na linha da frente de diversas causas sociais.
 
Após várias mobilizações goradas de interessados em edificar um novo templo, entre os quais o padre Oliveira, a Palhaça começou, finalmente, em 1957, a poder ver despontar o rosto do que viria a ser a Igreja Nova, no Areeiro, a um passo do cemitério («pertinho dos nossos mortos, para melhor por eles rezarmos», disse o pároco) e a não muitos da Praça de São Pedro. Aquela que, de acordo com o sacerdote, «deve ser na Palhaça a obra do século XX», foi inaugurada no dia 15 de Agosto de 1964.
 

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